Exposição - os dias anteriores


chávena de café





acordo; bebo um café, lentamente como o amanhecer do dia













base de cinzeiro






fumo um charro de erva e deixo-o neste cinzeiro










...


inicios

acorda!
agora que ouves o sussurro dos meus lábios
sente a tua verdade
pois a tua solidão foi escrita por ti
e só tu consegues saborear o azedo palpitar dos dias de ninguém.


renasce!
o Mundo já ouviu o teu apelo e o Universo já conspirou o teu destino







rosto II - (indisponível)


podia fugir para o silêncio dos teus braços
suspirar no teu ouvido vastos mundos de gozo e brutais espaços de energia
desaparecer no teu sorriso, assim sem mais nem menos
e podia socorrer todos os gritos que assombram a lentidão da noite só para ouvir o teu sorriso

pois quando sorris o mudo fica mais lindo 
e quando choras o Mundo chora contigo

minha amante
que triste o nosso destino
tão longe vasculho o sonho de te ver








nos lençóis embrulhados onde os corpos encerram risos e gargalhadas
o vinco dos rostos e dos cabelos evaporam-se no gesto e na palavra

mesmo com o corpo dorido e a solidão coalhada no peito
consigo inventar novos sonhos para te dar e beber o perfume do teu corpo que dorme...

não serei braços que te prendem mas sim braços que se despedem quando te fores embora. não serei apenas recordação tua serei também abraço que se despede. abraço...

terás pedaço da minha alma em ti, pequeno para não incomodar, suficientemente pequeno para colocares no canto da tua alma mas suficientemente grande para não esqueceres dele

harmonias


verte devagar a tua solidão em mim, já não a sentirás mais,
dá-me um beijo e uma abraço para construir uma lembrança e

rasga o mundo com uma despedida e une-o depois com um sorriso

e diz adeus antes de ires, um abraço e um beijo para poder construir mais uma lembrança

de ti , em mim. AMO-TE







Incêndios (parte 2/3)





e aproxima-se a hora mágica: aquela que aninha os sonhos na anca e deita-se sobre a noite.

um amanhã melhor não surge aqui - os sonhos são proibidos - e um esgar de solidão solta-se; implode dentro de um corpo morto e acende uma réstia de luz.






Chuvas  I


é proibido falar aqui!








agora vês

Incêndios  (parte 3/3)







incêndios quentes.








nota: não é um quadro mas sim uma tábua.


caos de calor e espaços vazios




Chuvas 3


chuvas que se espalham no corpo
Bipolaridade (nota: quadro bidimensional)









Sabem quantos demónios percorrem os vossos sentidos
turvando-os da verdadeira sensação?





podemos ver a beleza de todas as coisas
nas horas eternas em que nós estamos sós?


um desmaio de cansaço desaba sobre o corpo. as portas encerram-se e fragmentam-se; tornam-se em placton enegrecido e coalham em tudo o que rodeia, estaladas de tristeza entopem os músculos, lâminas de vozes escoam-se pelos copos de bebida alcoólica  e um tímido gemido arrebenta as cordas de um violino raquítico ...

... os olhos desligam-se...






podemos ver o horror de todas as coisas?



Adicionar legeBipolaridade (nota: quadro bidimensional)



















arrebento a garrafa de vinho na tela. ainda bebi três copos de vinho: muito rápidos - deixei tudo ferver por baixo da pele e enquanto pintava; esqueci o tempo  medido de horas e minutos com segundos - peguei na faca, cortei a tela, espetei a faca na tela.
na faca coloquei um" abre garrafas partido", e ao fundo "preguei uma rolha ainda com o resto do abre "abre garrafas"


o momento chegou.
é tempo de acordar a raiva de trinta mil gritos e espicaçar o mundo com ferros em brasa e morte
a vingança será terrível!

línguas de fogo e chicotes de gelo anunciarão a ruína do meu ser e um cheiro a lodo azedo coalhará a vida do mundo inteiro.


monstro

sabem que a Morte já foi anunciada nos altifalantes de todas as ruas?
foi anunciada por um violino raquítico
escrita no álcool entornado de um bêbado?

a celebração inicia-se com um grito surdo e espicaçamos o caos em redor.
salvem-nos de nós próprios.
podemos ver os mortos espalhados pelas estradas?

liquidas línguas evaporam-se em explosões raquíticas
trinta mil guerreiros chegam e treme o caos sólido em redor
carregam a anunciação do Amanhã no gatilho da arma


aqui ninguém se pronuncia
a solidão das tempestades desfeitas saem à rua e vagueiam perdidas
sacudimos a vastidão caótica do mundo
e ingerimos litro e meio de solidão




nota: não é um quadro, mas a junção de dois quadros que pertencem a mais quadros





vamos distorcer as horas
e desconectar o tempo das limitações das horas
socorrer os passos encolhidos no chão lama que se estende em nosso redor
e ferver rostos inexpressivos que coalham a gordura sebosa dos dias
ingerir litro e meio de solidão
e escrever até gastar as palavras e estas deixarem de existir
temperar com noite e vícios  as ruas do mundo inteiro
e cantar até não pronunciarmos palavras

inverter os dias
coloca-os numa caixa de lã
e sacudi-los até ficarem desnorteados
solta-os depois para poderem perder-se
virgulas de fumo escorrem pela superfície laranja doce
e deposita as limitações das esferas
as palavras que sussurram na língua
inverte o mundo e fuma-o
encosta a palma da mão no céu e e sacode-o
arrasta as recordações pelos cabelos
e esvazia-te...

...

rascunhos
já não posso socorrer todos os gritos amarelos que suspiram no lençol
nem tão pouco  a imensa solidão em redor
pedaços de ternuras surdas cravadas nas rugas da nossa pele

ao longe num sussurro suspiro:
"não podes ser pedaço insignificante de ti..."


...







acordo!


uma noite contigo
a noite veludo magenta descai aos poucos sobre nós
assombra os passos desajeitados dos tecidos vincados encardidos
perto do limite abstracto do corpo etéreo e enrugado
semi-encolhido nas curvas desajeitadas das letras
que tentam estender-se nas gargalhadas dos lábios encerrados
os sonhos empoleirados anunciam o regresso das matérias baças
monotonia nos ritmos líquidos que escorregam por entre os dedos
sufocam a nossa boca e bebem as palavras que não chego a pronunciar
paladar azedo nos efémeros silêncios
caos e fim...

principio iniciado  na música dos teus monocromáticos passos
nos espaços invertidos,
realidade desfeita
de pernas para o ar;
tudo assim fará sentido...

... não posso ser...

a textura da pele vislumbra novos começos
enquanto o corpo derrete as formas de realidade
e deforma os cuspos de sol que rastejam na poeirenta janela
a textura dos corpos enlaça-se entre a bebedeira azul-laranja nos dedos
as ruas prateadas dançam por entre os passos
no inicio cambaleiam
mas tudo tem uma razão de ser. apesar de não ter que ser



Almas gémeas (INDISPONÍVEL)
e tu dizes:
ouve o estalar que teus lábios  fazem quando a ela chamas
e eu apenas digo:
 não são os lábios a estalar, é todo o meu corpo que ganha cor
tu:
inventa a Vida a partir do nada e terás tudo
eu:
que vida será essa sem ela ? cedo anuncia-se a minha morte - já ouço as palmas de saudação
tu:
não sintas a Vida a encerrar-te na Morte
eu:
de nada serve morrer sem ter vivido, de nada serve viver sem morrer.
tu:
de nada serve não morrer. o mundo estende-se perante os dias
estende os lençóis por entre os sonhos dela.
eu:
quê???
tu:
vês os carros que escorrem velocidade pelas estradas, a correria de pessoas stressadas e enervadas pelas vidas monótonas que têm sem o saberem; vês a senhora a atravessar a estrada, um casal a passar à porta do bar onde estás; outra a entrar no autocarro a correr sem tu notares enquanto escrevias estas palavras; ou as duas pessoas a entrar no bar onde estás; e a imensidão incontável e terrível de acontecimentos que ocorrem e tu não reparas por estares a escrever estas palavras
eu:
sim!!!!!!
tu: não podes estar fisicamente no mundo inteiro mas poderás estar na memória daqueles que te amam e isso é o que interessa
eu:
não precisavas de fazer o discurso; bastava dizer a última frase.
tu: era só para te mostrar  que o mundo é tão grande e distante quando estamos sozinhos que o que realmente vale a pena é morrer para o mundo, mas não para os rostos que te sorriram.
não podes ser apenas pedaço insignificante de ti.




agora
um desmaio de cansaço desaba sobre o corpo.
as portas encerram-se e fragmentam-se, tornam-se em placton enegrecido e coalha, em tudo o que rodeia.

estaladas de tristeza entopem os músculos... laminas de vozes escoam-se pelos copos de bebida alcoólica e um tímido gemido  arrebenta as cordas de um violino raquítico... os olhos desligam-se.

a noite traz consigo vagas silenciosas de um tempo marcado por feras assassinas, um corpo desfaz o silêncio das memórias e ao longe; trémulas palavras explodem em melancolia.
...
melancolia...
tudo lento bizarro, velocidade estagnada nas palmas da mão e nos lábios pedaços de memórias esfomeadas
melancolia
na ponta dos dedos e nas palavras de tintas embaciadas; janelas frias, portas encaixotadas; labirintos dentro de labirintos.
pedaços de solidão;
encruzilhadas de destinos fatais
desfocado espaço, côncava parede
desanimo ...

nos olhos ardem a gordura da solidão dos dias de ninguém

melancolia.
acendo um cigarro!

o corpo desaba
quedas
retorna nas limitações húmidas das palavras sem sentido
nas conversas dispersas

o corpo desaba
socorre a solidão ensopada nas roupas vincadas nos rostos
incendeia o silencio
espreme-se nas nuvens de madeira e néon
inventa recordações e

o corpo desaba
na velocidade engarrafada dos sentidos tímidos
nas palavras suadas das mãos, do afastar a realidade num gesto
na melancolia das imagens e no grito
que rasga o mundo de uma ponta a outra
quando o corpo desaba



fotografia tirada em casa



acordo já de noite;
dói o silêncio que coalha no mundo
dói as palavras que colham no silêncio
e dói o mundo que habita as palavras

rendo-me aos cansaço dos dias
que se funde nas desconexões dos nervos do Universo que habitam o caos das palavras escritas







acendo um cigarro!


montagem fotográfica de um quadro
conseguem sentir o Universo a conspirar o vosso destino?
a desistir das cicatrizes que carregamos e a acumular-se nas olheiras já vermelhas do rosto





olho
lá fora enredos trágicos rasgam a pele das feras abandonadas e atrás de nós uma noite plúmbea e seca come os nossos sonhos
histórias inventadas
ópio e sombras
celebração de bizarros desfiles
um silêncio
entorpecido pelas pegadas de madeira
ruas metálicas
montras liquidas
olhares passageiros e sisudos
nervos acordados
melodias laranjas

um suspiro solta-se...
uma inerte solidão anuncia o silêncio afiado de um mundo
e um pálido lume de feras abandonadas

lá fora pedaços de estrelas tropeçam nas curvas das letras que escrevi. largam um brilho de calor aconchegante e um rasto de lágrimas para poder finalmente chorar.





músicas


acordo!

lá fora sirenes anunciam um caos qualquer e esfuma-se na forma abstracta da música.
uma luz branca difusa espalha-se aqui: tarde cinzenta e arrebentada por feras - com feridas imensas a Tarde vagueia quieta na sua pele e já não nomeia o sol - deixou-se adormecer na solidão do mundo
e vai rasgando sonhos aos pássaros.

lá fora chove sonhos
cantam no corpo frio do mundo
e desabam em alcatroes musgosos,
pedras frias e terra a chorar
não se adivinha um raio de sol aqui
apenas a solidão de um poeta.










"agora que ouves o sussurro dos meus lábios
sente a tua verdade
pois a solidão foi escrita por ti
e só tu consegues saborear o azedo palpitar dos dias de ninguém.

acreditas agora em ti?
a vida é um labirinto dentro de um labirinto mirrado e confuso,
mas por vezes a resposta à pergunta está na própria pergunta.
atenta minhas palavras
não podes ser pedaço insignificante de ti...
montagem fotográfica do quadro "rascunhos de almas gémeas"

acorda!

sente agora a separação e a união de ti e em ti
de nada agora servirá chorar e sofrer
é aqui que tudo se inicia, ó corpo que agora se ergue.

renasce!
o mundo já ouviu o teu apelo 
e o Universo já conspirou o teu destino

abraça-me
a vida corre-me nos braços
olha-me
nos meus olhos um brilho de cometas estende-se
chora
e testemunha os teus desejos verdadeiros
com o olhar inundado de esperança de estrelas."






montagem fotográfica do quadro "bipolaridade"






mas para onde vamos agora?







3ª parte


um mac



agora um Estranho escreve o teu nome
Algures num computador...
tornas-te apenas em Alguém... desconhecido, estranho, solitário, parte de um rede social da qual tu não entendes... nem conheces



...
abri a cortina e espreitei a nesga de realidade através do vidro embaciado e com pedaços de água de chuva.

fechei a cortina.

A REALIDADE IMATURA DO MUNDO NÃO FAZ SENTIDO - PENSEM BEM - BASTA VER O NOTICIÁRIO DA NOITE...

assim regresso À minha realidade desconectada da vossa; abraço a minha loucura pois a minha (apesar de tudo) não é violenta, nem maldosa: é apenas extensão de mim - caótica, ingénua, confusa - em que debruço-me sobre ciclos da minha vida.

ciclo(s)


tudo é cíclico.


e um outro ciclo inicia-se.

...






conversa dispersas (INDISPONÍVEL)








já estou farto das conversas dispersas laranjas de realidades azuis-incolores


















rasgos










dos rasgos de personalidade caóticas que habitam no mundo











batalhas







haverá sempre batalhas: trinta mil monstros que soerguem-se na nossa psicose enquanto a nossa alma luta para apenas ser verdadeira a si mesma











espirais








haverá sempre espirais beijadas pelas asas do Anjo Morto que dorme a teu lado















mas eis que um novo ciclo se inicia...




ying & yang (indisponível)
retorno aos dias inocentes, aos dias em que as horas deslizavam à velocidade dos meus passos; sem pressas; sem pressões - a tentar esculpir pequenas ideias e pensamentos voláteis nas texturas das árvores;
foram tantos anos perdido no entupimento do meu próprio ser, rasgando garrafas de sonhos entornados nas noites liquidas e sem sentido.

aqui antes de tudo se iniciar; antes de sentir a ânsia desesperante que me esquartejava lentamente; retorno

e consigo deslumbrar a complexa simplicidade das coisas, um choro suplicante e devastador arrastou-me pelos espinhos das rosas selvagens e deixou-me aqui: nos dias inocentes


...



energia (chin)

os monstros sossegaram - adormecem no pó da noite assassina. acordam de vez em vez e nos lábios acendem ânsias

atrás e mim um chiar acorda-me; olho em volta e deslumbro:
as lembranças são como os passos de uma criança que está a aprender a andar; desajeitadas e frágeis; prestes a cair e a erguerem-se.

como a vida.













almas (parte 1/4)
almas (parte 2/4)




o Eu diz que a sua Obra de Arte não é uma Obra de Arte. Nunca o poderia ser: pois o que outros vêem como belo, bonito, feio, horroroso, etc. - e dessa maneira qualificam e organizam tudo para que entendam - o Eu apenas diz: é mais uma extensão de mim.



almas (parte 3/4)
almas (parte 4/4)



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